Mão na massa, mashup

Lembro muito bem quando se falava que a música eletrônica ia revolucionar a música. Isso era em 1987, 1988, quando o que estava se fazendo eram colagens e mais colagens. Maior prova do que estava vindo era o Bomb The Bass, \”banda\” do DJ Tim Simenon. O futuro era aciiiiidddd e a ordem era misturar, misturar, juntar experimentalismo com dança. Tudo muito lindo, tudo muito maravilhoso, se não fosse um pequeno detalhe: as gravadoras não gostaram de ver trechos de músicas de artistas contratados seus e começaram a cortar a brincadeira, processando um DJ atrás do outro. Com isso houve uma retração da coisa toda. E antes que alguém diga que desse tipo de trabalho de ficar remixando coisa não sai nada que preste eu aconselho que vá ouvir o trabalho do US3, que é formada por um espertos que tiveram a manha de procurar a Blue Note Records e propor a utilização de material do acervo deles. Como se pode ver ali, sendo criativo se pode fazer coisas maravilhosas.

E é com gosto que eu vejo hoje o site da Wired uma reportagem sobre mashups, que são músicas mescladas (geralmente utilizando-se a melodia de uma com o vocal de outra). Eu confesso que os primeiros que eu ouvi eram um terror, coisa apavorante mesmo, mas ouvindo agora os arquivos do site mash up soundsystem tenho que voltar atrás: simplesmente aquela revolução que se anunciava em 1987 está lá. Ok, ok, a maioria das músicas é dance, eletro até não poder mais, mas há excessões. E fica a pergunta: e a questão dos direitos autorais? Bem, novamente temos artistas sendo caçados, mas nada impede que alguém faça como o pessoal do Cocadaboa e coloque o seu servidor na Eslovênia, se aproveitando do fato da Internet não ter fronteiras. E certamente as gravadoras estão mais preocupadas com pessoas que botam as músicas de forma integral na rede do que com aquelas que usam apenas trechos. Se no começo dos anos 90 caçar tais pessoas rendia dinheiro para as gravadoras, com o pagamento de direitos autoraias, hoje o custo é alto, devido ao trabalho de pesquisa. Quanto vai custar para descobrir se o \”concrete cookie\”, que misturou trechos do Sex Pistols com uma outra música, é o José da Silva ou o João dos Santos? Pois é…

E esse é o primeiro passo da história toda. Por hora temos gente trabalhando com música de forma ilegal. Mas e na hora que alguém resolver fazer um mashup de músicas liberadas na rede sob a Creative Commons? Creio que é o caso do Re:combo, mas não tenho bem certeza… De qualquer maneira, por hora eu não conheço nenhum grande nome liberando músicas nessa licença, mas logo logo deve aparecer. Afinal um dos maiores incentivadores da licença é o Gilberto Gil, e não duvido que ele seja esse primeiro grande nome… E aí, com softwares cada vez mais fáceis de se trabalhar, é de se imaginar o que pode surgir. Afinal o mashup não é só para dançar

E aproveitando, já que estamos falando de música, fica a sugestão: dá uma conferida no Trama Virtual (o site com a pior navegabilidade da rede brasileira) o material deixado pelo pessoal da Stratopumas, Salão Figaro e Cabaret HiTec, que o trabalho deles tá muito legal. E se antena que logo a Blanched vai estar disponibilizando material do novo CD, que será lançado em breve. E fica a pergunta: porque esse povo todo não lança o seu material utilizando a Creative Commons?

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